EM BUSCA DE UM HOMEM

EM BUSCA DE UM HOMEM
Will sucess spoil Rock Hunter?, de Frank Tashlin, 1957 (?)
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Por incrível que pareça, é o primeiro filme de Tashlin que eu vejo, e realmente é impressionante. Seguindo todas as previsões possíveis de um cinema americano, Tashlin faz uma obra absolutamente crítica ao american way of life, e profundamente atual - visto as Darlenes e Jac Joys de Celebridade, p ex. Um publicitario precisa fazer a campanha certa para um comercial de batom, e acaba se envolvendo com uma gostosona (Jayne Mansfield, divina...). Acaba se anunciando que os dois estão juntos, embora ele seja um bobalhão por pura estratégia de marketing. Os dois se dão bem: ela, pq está de volta aos noticiários; ele, pq consegue que ela assine o contrato. Ele mais ou menos, pq sua noiva fica com ciumes, e desiste dele. Mas ele consegue afinal realizar seu grande sonho: ter seu cargo de vice-presidente e a chave do banheiro privativo (ah gente, como isso me lembrou do lugar onde eu trabalho...).

Puro cinema americano, "have fun", com ritmo ágil, claramentre influenciado pelas screwballs da vida (a grana, a necessidade de subir na vida, as reviravoltas malucas...) só q é muito melhor que Billy Wilder pq tem uma visao acida q fez me lembrar de Preston Sturges. E ainda é absolutamente inventivo na decupagem e uso de linguagem. Com um colorido deslumbrante, tem ainda um uso incrivel do cinemascope. Qdo se fala em cinemascope, pensa-se nos grandes planos gerais dos westerns, etc. Mas esse aqui é quase todo em interior, mas mesmo assim tem uma visão do espaço extremamente rigorosa (os deslocamentos dos corpos, a dinâmica entre o primeiro plano e o fundo, etc.). Jayne Masfield, cínica (a loira burra é esperta pacas...), quase uma paródia de Marilyn.

Com um prólogo inventivo (e outra chamada lá pro meio do filme) que funciona quase como um distanciamento brechtiano, com uma visão crítica do universo da publicidade, passando por Freud e a psicanálise, e a manipulação da mídia e da opinião pública, Em busca de um homem vai problematizar a necessidade do sucesso a qualquer custo com um humor corrosivo e com um agudo desejo de linguagem. Imprescindível!

Tem ainda uma cena espetacular que a tela do cinema vira uma TV, e ouvimos como a TV é "formidavel, nos faz ver coisas sem precisar sair de casa, etc, etc, etc"...

No final o discurso ferino não é levado às ultimas consequencias, com a crise do sucesso e o desmascaramento... tem um "fim light" que funciona como um amortecimento, mas nada que tire o brilho desse filme de Tashlin.

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