(FestRio) As 48 cachoeiras de Akame

As 48 cachoeiras de Akame
de Genjirou Arato
Japão, 2003
Est Botafogo 2, dom 18hs
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Embora este seja apenas seu segundo longa-metragem, Genjirou Arato não é um jovem no meio do cinema: seu trabalho de produtor vem de bom tempo, inclusive tendo trabalhado com Seijin Suzuki. Neste filme de longos 160´ e filmado em cinemascope, Arato faz um trabalho irregular, que oscila entre momentos de sensibilidade e outros de puro clichê. A narrativa se perde pelo filme, que poderia ter tranquilamente sua 1h40'. O ritmo não chega a ser lento, há bastante ação, mas dispersa no filme: a quantidade de situações esparsas (tipo um sapo que morre, o resgate de um dinheiro, as várias visitas da chefe, etc) acaba diluindo o impacto do filme. O introspectivo Ikushima (passa quase todo o filme dizendo poucas palavras) é um estrangeiro, um loser (não se sabe bem pq) que vem morar num pardieiro, faendo um trabalho boçal (colocando pedaços de carne em espetinhos), mas assim ele é feliz. Conhece no padieiro pessoas: um tatuador estranho, um entregador de carne, sua chefe, e uma prostituta Aya. Aya e Ikushima, apesar de diferentes, são próximos: são exemplos de uma inocência perdida, de uma vida pura destruída pela brutalidade da vida (oh!). Então decidem fugir, e vão para as tais cachoeiras do título, um resgate à infância (vide o começo do filme) e à pureza (p ex a água da cachoeira e suas roupas brancas). A vida de Ikushima no pardieiro tem seus momentos de intimidade e contenção drmática tipicamente japonesas (que são justamente o melhor do filme), mas não demoram a cair no clichê da marginalidade e do exotismo. Quando os dois resolvem fugir, o filme vai piorando, até se perder de vez, lá nas tais cachoeiras, quando as mensagens da pureza e do paraíso perdido ficam claras. Aí vai por água abaixo, literalmente, e no final ficamos com uma sensação de desgosto. Mas o filme tem seu clima pelo menos durante uma meia hora, quarenta minutos. Dispensável.

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