(FestRio) A Mulher de Breakwater

A Mulher de Breakwater
De Mario O´Hara
Filipinas, 2003
Est Botafogo 2 qui 18hs
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Oportunidade única de conhecer um exemplar do cinema filipino que tem uma ocupação expressiva de mercado e grande número de filmes produzidos. Mario O´Hara é um veterano da produção do país, e esse é o primeiro filme filipino a conseguir exibição em alguns festivais de cinema no Ocidente. Então, se esse é o filme, então a coisa tá mal, porque A Mulher de Breakwater é quase amadorístico. Em seu desprendimento, e em sua ternura pelos personagens marginais, o filme lembra, em seus melhores momentos, alguma coisa de Carlos Reichenbach (tipo Alma Corsária) e Candeias – por exemplo na festa de casamento. Mas é muito mal comparando, porque este filme filipino não consegue se sustentar, é muito fraco. Não é nem por um modelo outro de narrativa: o que se busca é o melodrama televisivo, o cinema de molde clássico e de manipulação das emoções do espectador (ainda mais nos últimos 20 minutos, onde a coisa se perde de vez...). Por outro lado, é um filme abertamente popular, popularesco, e a figura do “cantor” como um pára-narrador não deixa de ser interessante. O filme conseguiu exibição nos festivais por ser um retrato da marginalidade filipina (os personagens vivem à beira de um rio absurdamente poluído) mas nisso fracassa completamente: não há nenhuma proposta de olhar para esses excluídos, como por exemplo, no cinema neo-realista. Existe um enredo novelesco que envolve esses personagens como completa caricatura. Existe um lado mesmo grotesco e simplificado desse cinema que às vezes surpreende, mas pela falta de coerência fica parecendo mesmo mais próximo do amador. Não há na luz ou na mise-en-scene uma tentativa de um olhar com frescor para essa população. Por outro lado, não é o estereótipo dos “coitadinhos” que o público do cinema de arte quer ver: o que se busca é o cinema popular. Ainda assim, bem fraco.

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