Irmãos de Fé

Irmãos de Fé
De Moacyr Góes
Seg, Art-West Shopping 3 17:10
0

Irmãos,
Aproveitando meu convite e o feriadão em Big Field, fui ver Irmãos de Fé, o novo filme do Padre Marcelo Rossi, dadas as minhas boas impressões (pasmem, mas é verdade) do anterior Maria, mãe do filho de Deus. Fui ver mesmo mais para observar o artesão Moacyr Góes, titubeando entre o sinistro e o decente. Mas dessa vez foi demais: Irmãos de Fé é abaixo da crítica, e apesar de algumas tentativas, o filme é bem abaixo do recomendável. O filme tenta fazer uma narrativa paralela entre o tempo presente (um menino que vai para a Febem após uma tentativa de assalto) e o passado (a narrativa bíblica da conversão de Paulo). Mas enquanto Maria iria usar toda sua precariedade intrínseca (seja de enfoque seja de recursos) para fazer um filme quase franciscano em sua simplicidade e no uso dos tempos, esse Irmãos de Fé vai buscar o “filme de ação”, colocando num liquidificador uma maçaroca de informação muito mal desenvolvida. Nos momentos de ação, o filme sucumbe: seja no assalto dos meninos no início do filme, seja nas pedradas que leva Paulo em Jerusalém. Muito mais poderia ser dito, mas nada com algum interesse. Se foi para observar o diretor-artesão, a trajetória do teatro-galant para o menino-propaganda das encomendas dilerianas, o saldo chega a ser deprimente: a dificuldade em enquadrar, em criar um clima, em narrar de forma clara, em criar uma proposta de dramaturgia, em tudo Irmãos de Fé falha. Artesanalmente canhestro, com uma edição de som bizonha, preenchendo tudo com música, etc, etc. Um único ponto a destacar: o filme tenta vender a bandeira da tolerância entre iguais, com Pedro conciliando um conflito entre os apóstolos Paulo e Thiago. O novo e o velho. Nesse sintoma da tolerância o filme tem seu valor, e cresce nos 40 minutos finais, mas muito pouco, dados os 30 minutos iniciais bizonhos.

Amém.


Comentários

Postagens mais visitadas