Reflexões

1. Todo o longo e árduo processo de criação no cinema está entre duas impressões completamente vagas: um “tive uma idéia” (do roteirista, do produtor, do diretor) e um “gostei ou não gostei” (do espectador)

2. Isso aponta para uma ingenuidade do cinema em si: criar todo um sofisticado e complexo sistema de produção (econômico, político, administrativo, de marketing, social, etc) entre as duas pontas, completamente pessoais e subjetivas

3. Por isso, o cinema é uma atividade absolutamente de risco. Como é possível montar alguma teoria sobre a atividade cinematográfica, sobre a “indústria” de cinema, algum indício “científico”, se sob as mesmas condições de temperatura e pressão, dois filmes podem ter resultados completamente distintos.

4. O cineasta repete o mito de Sísifo, condenado a recomeçar do zero a cada vez que vai fazer um novo filme. Sua impotência é o mesmo de Cidadão Kane, é a mesma da vida: seu grande medo, o que pode destruir-lhe como artista é a hipótese de ter tudo à sua mão, e simplesmente deixar o filme escapar. Essa é a sina do cineasta.

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