Diabo a Quatro

Diabo a Quatro
De Alice de Andrade
DVD, ter 12 abril 6hs da manhã
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Quando se trata do cinema nacional, todo cuidado é pouco. Então não é raro vasculharmos os méritos de trabalhos que no máximo são dispensáveis. Vemos um olhar na fotografia, um jeito de narrar que escapa ao mais básico primarismo, e já vemos algum mérito. Mas filme após filme não há paciência oriental que resista. É preciso dizer: estou cheio dos filmes brasileiros. Os filmes brasileiros estão MUITO ruins. Está cheio de filmes que não tem nada a dizer, apenas se limitam a repetir um bando de imagens banalizadas, clichezadas, vulgares.

Então não tenhamos medo do exagero: Diabo a Quatro é MUITO ruim. Poderíamos ver alguns méritos: a competência da produção, o humor debochado carioca, o resgate da comédia de equívocos, o filme sem heróis, o resgate da geografia urbana carioca sem precisar ser um filme de denúncia. Mas esses supostos méritos falam muito pouco do que é o filme, e no fundo o filme é muito pouco. É um conjunto de situações-clichê trabalhadas com uma decupagem irritante que nada contribui para a dramaturgia. Um filme anti-cinematográfico, cheio de meios-preconceitos, com um roteiro fraco em que os personagens perdem suas motivações como trocam de roupa. O filme frequentemente não monta, e a diretora estreante tem uma dificuldade profunda de investir ao filme um ritmo que permita ao espectador mergulhar no que está acontecendo. Então o que sobra é o recurso do efeito: o corte rápido, a piada rasteira, o conjunto desordenado de ações e reviravoltas como se fosse uma novela mexicana. Mas isso NUNCA, nunca está ligado a um olhar pela dramaturgia ou nada que acrescente alguma humanidade e desejo a seus personagens. Canastro, falso e mesquinho todo o tempo, o filme de estréia de Alice de Andrade joga o nome do pai pela latrina. Aliás (é aqui que não tenho medo de tachar de preconceitos), quando é que o cinema brasileiro vai se livrar da maldição das “capitanias hereditárias”? Com um currículo de “assistente de direção parisiense”, a filhinha de Joaquim Pedro vai fazer um filme ágil completamente desequilibrado e mal intencionado, preconceituoso, mesquinho – fútil como ideologia e fútil como proposta de cinema. Não é primário, não é constrangedor: é apenas ruim. O que é pior, pois ela sabia o que estava fazendo, e teve condições de fazer o que quis, e fez essa merda. Lembrei de Eu Transo, Ela Transa, o filme esquecido de Pedro Camargo, e fiquei com vontade de rir de Diabo a Quatro. Enquanto no simples filme do Pedro, tudo era uma visão de cinema e dramaturgia, agora tudo é recurso de efeito, purpurina, “toquinho de lado”. Basta de filmes como Diabo a Quatro – cinema brasileiro ruim que é realizado pelo conhecimento ou pela árvore genealógica. Basta!

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