Estou em dívidas com esse blog, que é falar sobre os filmes. Minha vida está muito corrida. Quero fazer uma avaliação sobre como foi esse Festival de Brasília; queria ainda falar da emoção que foi ver Cinema, Aspirinas e Urubus antes de viajar (ainda que essa lembrança tenha se “espraiado” um pouco no tempo). Queria falar (talvez, tenho dúvidas) de uma ou outra coisa que vem acontecido nesses dias. Não sei se terei tempo. Não sei se terei energia. Não sei se viverei até lá (provavelmente sim). Ou, o que vem primeiro: não sei se vale a pena.

Mas já começando: esse festival já valeria a pena por ter presenciado a primeira sessão pública de EU ME LEMBRO, o filme de estréia de Edgar Navarro. Foi um momento de grande emoção, e como eu chorei durante a sessão!! Sim, porque todo um cinema brasileiro estava ali com Navarro (espero que vocês se lembrem da antológica entrevista de Navarro publicada aqui, que ele dizia que “Cinema é atraso de vida” e que queria “despongar” do cinema). Assim que começa a primeira voz em off no filme não dá pra se segurar: tudo no filme é um cântico cerimonioso à possibilidade de viver. Como disse Navarro nos inesquecíveis momentos em que subiu ao palco: “Este filme é uma vitória sobre o caos, sobre a morte”. É um filme de uma celebração à vida, ao cinema. Um filme que destrói qualquer possibilidade de rancor, de desespero ou de desconsolo. Um filme profundamente honesto. Ainda que eu não tenha me empolgado particularmente com a visão de cinema do filme (tem alguns clichês e coisas que me incomodam), não dá pra negar: não consigo falar sobre o filme, apenas da emoção absoluta que foi presenciar aquela sessão, em descobrir aquele baiano de quase 60 anos que só agora vem fazer seu primeiro longa, pulando como uma criança que olha todo esse passado doloroso com muita maturidade e muita energia. Navarro nem fez um grande filme, mas aquela foi uma grande, enorme sessão de cinema, uma das mais marcantes sessões de cinema que presenciei na minha vida, um desses raros momentos que nos fazem perseverar na possibilidade de querer fazer cinema como objetivo de vida.

Queria falar sobre o curta do Camilo Cavancanti. Ainda não sei se gostei ou não gostei. Ao mesmo tempo em que o filme me impactou muito, em que há muito em comum no que eu busco no cinema, houve também um certo desejo de distância, porque há um deslumbramento muito grande com o artifício, um desejo de fazer um filme grande e suntuoso. Acho que a fotografia oprime o filme, e acho o filme bastante irregular. Atualmente vivo um momento em que o desejo pela estrutura me fascina. Talvez até por isso estou com uma tendência preocupante para o cinema clássico. Hoje para mim o cinema é arquitetura. E o belo filme do Camilo tem enormes momentos mas tenho dúvidas se realmente é um trabalho acabado. Dúvidas, a serem pensadas numa revisão.

Queria tbem escrever com mais calma sobre DORMENTES, o curta do Joel Pizzini. Belíssimo filme. Vou ver se consigo.

Macacos me mordam? Rap, o canto da Ceilândia? FALA SÉRIO!!!!!!

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