Sobre a Argentina

Achei melhor tirar o que estava escrito no blog.
De qqer forma, copiei e colei para mim, como um diário pessoal de viagem.

A viagem para a Argentina foi ótima, e aliás dá de 10 no Brasil, em termos de estrutura, da cortesia das pessoas, etc. um lugar bom para se morar.

As imagens que filmei foram bem legais, valeu a pena ter levado a filmadora.

O ponto negativo da viagem evidentemente foram as pessoas, ou melhor, as pessoas com quem viajei. A decepção foi grande, mas é difícil ficar juntos 10 dias seguidos numa viagem onde tudo é novo e as pessoas se ouriçam. Deu pra sentir alguns dos lados mais lastimáveis do ser humano. No final, a grana e os egos falam mais alto: sempre os dois. O egoísmo e a falsidade. Bom, vida que segue. Estou de volta.

Mais alguma coisa do que estava antes que vou deixar:

Sobre as imagens filmadas:
A principio, resisti, mas depois acabei fazendo algunas filmagens aquí na Argentina. Caminando pela Corrientes, comecei a pensar o que essas imagens representavam para mim.

O que é a Argentina para mim, ou pelo menos, qual é a Argentina que vejo a partir do meu olhar? Ora, a Argentina é o que vejo, o que passa por mim, ou seja, é muito mais eu do que a Argentina.

Por isso, as imagens sao as minhas imagens de sempre. É como se eu estivese filmando o Em Casa versao Argentina. Ou seja, é meu filme de sempre: imagens vazias, camera parada, lugares ermos, cartelas dividindo os lugares. “No hay personas” na minha Argentina: simplesmente as pessoas nao me interessam, me causa embaraco tentar falar com as pessoas e nao conseguir (äs vezes é mais facil falar ingles do que español). Nao é que as pessoas nao sejam simpaticas ou interesantes (ao contrario) mas eu é que nao sou simpático nem interessante.

É como o belíssimo filme do Jarmusch Stranger than Paradise. Os dois amigos saem de casa querendo achar num lugar outro uma nova vida, uma energia que eles nao tinham em casa. Mas o que eles acham na cidade da prima nada mais é do que eles mesmos. Eles continuam a ser o que sempre foram, nao é o lugar que fará muda-los do dia para a noite.

Filmar como o Em Casa: estou em casa e estou no estrangeiro. Estou deslumbrado com o lugar (tudo é novo, tudo é belo) mas ao mesmo tempo me causa uma tristeza. Nao sei ao certo se essa tristeza é por causa de uma saudade ou é uma tristeza natural, uma “tristeza da vida” (qualquer lugar é tao ruim quanto o nosso lugar). Tudo tem uma novidade mas ao mesmo tempo tudo é velho (os mesmos planos que o Em Casa). Tudo é novo e nao ha nada novo: é a forma como vejo minha primeira viagem ao exterior.

Sobre a saudade:
A saudade faz parte de mim. Tenho saudades de mim mesmo, de algo que nao cheguei a conhecer. Nao consigo ficar longe de casa. Tenho saudades de tudo, mesmo que a viagem esteja ótima. Tenho saudades de dormir abracado com a menina de Vënus, porque as noites aquí estao muito frias. Ontem vi a estreia de Belíssima na Globo Internacional. Queria estar ao lado da minha mae vendo a novela, comentando como a novela é cheia de gruas desnecesarias. Queria estar jantando uma sopinha feita por ela. Depois queria ligar para o Rö, dizer como os argentinos sao politizados e aquí é muito melhor que o Brasil. Nao consigo ficar longe de casa. Caminando pela Corrientes, pela Santa Fé, com as maos cheias de algumas bolsas, me deu uma felicidade mas ao mesmo tempo uma tristeza, uma saudade. Este é um texto boboca de quem está gostando da viagem mas queria voltar para o Brasil.

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