Desertum

Desertum finalmente passou. Apesar do meu nervosismo (por que será?) a sessão foi bem boa. As pessoas sobreviveram até o final. A projeção foi um pouco desbotada, alguns planos perderam a luminosidade, mas o som (a mixagem) resistiu perfeita. Toda a participação da música fez com que esse trabalho pudesse ser visto de várias formas, então que o Ricardo é cúmplice, co-autor. Não é uma música que acompanha a imagem simplesmente, mas que dialoga com ela, que a leva para outro plano. Mais uma vez, assim como o Em Casa, vi que o filme resistiu à projeção em uma sala de cinema. Isto é, não é uma videoarte, precisa de uma exibição convencional em que as pessoas assistam numa posição frontal, do início ao fim. O filme tem uma leve coisa íntima, diria até sentimental (o Rô chegou a dizer que o filme é doce, feminino...), que vai progredindo até o final, desde a seqüência do trem passando pela maravilhosa cena com Dowland, chegando na cena das fotos (gostei muito do efeito) até o vigoroso final, que marcou a todos como eu pretendia. Uma sessão positiva, que me deu confiança. A sala praticamente cheia, a presença das pessoas que eu gostaria que vissem esse trabalho quase todas lá (o Luiz vê depois). Tenho que me organizar para mandar o filme para fora, apesar das músicas.


O que eu não deveria dizer sobre Desertum e que não disse:

- o filme é uma pequena homenagem aos Irmãos Lumière
- a matéria-prima de Desertum é o tempo e o espaço, o quadro e o cinema
- o filme se passa na Argentina mas é como pudesse ter sido passado em qualquer lugar
- “no hay personas” na minha Argentina
- Desertum não é uma videoinstalação nem uma videoarte
- Gosto do cinema que mostra ao invés de dizer
- Desertum é um diário de viagem à moda dos filmes de Jonas Mekas, mas também é bem diferente disso

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