mINHA VIAGEM À fORTALEZA (2)

Nuvens Passageiras (Drifting Clouds), filme do Kaurismaki inédito no Brasil
que já comentei por aqui, também aborda a questão do desemprego tal como
Ladrões de Bicicletas, mas aqui não é a classe pobre italiana do pós-guerra,
e sim a classe média da Finlândia dos anos 90 prestes a entrar na Comunidade
Européia, essa classe média que está perdendo o seu padrão de vida, e tenta
desesperadamente recompor isso.
Mas a grande lição do Kaurismaki em termos de um "realismo da representação
social" é que não é preciso ser realista na mise-en-scene para conscientizar
as pessoas sobre um drama social que existe na realidade. Ou seja, se o
cinema conta uma história, faz um filme de ficção, ele já está encenando,
então não é preciso ser realista, é mais honesto dizer que é uma
representação "falsa" mas que tem inúmeros paralelos com a nossa vida.
O decor tem cores fortes, é todo filmado em estúdio, com atores em
representação totalmente não-realista (sem expressão facial e corporal),
etc, etc. I.e totalmente diferente do neo-realismo. Além disso tem um certo
humor, um humor atípico, estranho, quase um humor negro. Mas é um cinema
carinhoso, que tem um olhar e uma preocupação para essa realidade social que
vai além do filme.
Pensei tbem se é um filme "otimista" ou pessimista", já que, o final pode
ser entendido como um final falso, quase como A Última Gargalhada, já que de
repente o restauramente fica cheio e todo mundo se dá bem. Mas será mesmo?

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