Inferno

Inferno

de Danis Tanovic

Espaço (ex-Unibanco) 2, dom 22hs

0 ½

 

Eu poderia falar sobre muitas coisas que estavam em jogo para mim quando fui assistir a INFERNO, roteiro de Piesewicz, argumento dele e de Kieslowski, mas são argumentos tolos, ingênuos, e o tempo urge. O fato é que tudo se resume a um filão: o espírito de Kieslowski ainda pode dar bons frutos (leiam-se frutos comerciais). O triste é que o Piesewicz aceite esse papel, o que só comprova que o roteirista da dupla não era ele.

 

Inferno é acima de tudo um jogo narrativo, e os filmes do Kieslowski eram tudo menos um jogo narrativo. Até mesmo em A Dupla Vida de Veronique, o que interessa não são os jogos de duplos e as armadilhas de construção do roteiro, ou mesmo nas repetições de personagens nos Decálogos e no fim de Rouge. Tudo era pura dramaturgia, articulada, irônica (nesse caso) e reflexiva. Mas dramaturgia, e não jogos de roteiro e quebra-cabeças.

 

Três histórias que se articulam. Só que as historiazinhas são muito toscas. Os diálogos sofríveis, as situações artificiais, sem vida. Nada que lembre Kieslowski.

 

Tanovic dirige como diretor contratado. Competente na perfumaria: produção caprichada, cinemascope, cenários bonitos. Emanuelle Beárt irresistível com suas caras e bocas habituais. Tudo bom, mas falso, falso demais. Triste. Tanovic coloca citações de Kieslowski em alguns planos, cenas, seqüências. Não percebe que não é isso fazer uma homenagem ao Kieslowski. Não viu Café Lumière para entender o que seja uma homenagem.

 

Inferno é uma enganação. Como tributo a Kieslowski, péssimo. Como filme, ruim. Há uma certa graça nesse jogo que fica presente ao final, e nos recursos da tragédia, mas as historiazinhas são muito frágeis. A música, do próprio Tanovic, é um terror.

 

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