Proibido Proibir

De Jorge Duran

Unibanco Arteplex qua 16 21:40

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O segundo longa de Jorge Duran recebeu elogios quase unânimes da crítica por abordar o eterno tema de classe média entrando em contato com as contradições do Brasil de uma forma não-didática ou panfletária, através de um triângulo amoroso entre três jovens. O que me espanta, vendo o filme, é exatamente essa cegueira da crítica e dos analistas em torno do que está em jogo no filme. De um lado, o filme de Durán busca um saudável contato com os jovens, público que o cinema nacional sempre passou batido. Mas por outro, o filme esvazia completamente o sentido de reflexão política quando no fundo desenvolve de forma superficial o seu tema principal: o triângulo amoroso.

 

Se o filme possui um diálogo com a juventude, de que forma ele se propõe a fazê-lo? Através de um cinema completamente alheio às transformações da linguagem audiovisual em falar para os jovens. Proibido Proibir parece um filme dos anos oitenta, seu discurso é frágil, e inclusive subestima a capacidade dos jovens optando por explicitar ao invés de sugerir (os diálogos didáticos, a visão moralista das drogas, etc.)

 

Em termos da construção narrativa, o filme também desaponta: montagem, fotografia, decupagem muito básicos, não funcionais. Em termos dessa gramática, o filme tem muitas deficiências. Gostaria de falar mais sobre isso, apontar algumas seqüências que me incomodaram.

 

Falou-se tanto dos atores. Fecho mais com Caio Blat, realmente ótimo no papel. Ele tem uma liberdade muito convincente, mas além disso há nuances muito bem trabalhados, inclusive com meios movimentos e pontuações de corpo muito interessantes. Fiquei de fato impressionado.

 

Poderia se defender o filme como projeto de filme médio, de que o cinema brasileiro tanto precisa. Mas ainda assim, na minha visão fica aquém de O Passageiro e Achados e Perdidos – dois filmes mais ou menos com esse perfil. Mas na verdade o fato é que Proibido Proibir tenta esboçar um olhar sobre um encontro, sobre um despertar de consciência, mas o realiza de forma superficial. Não tem a agilidade, o dinamismo de um cinema jovem nem um olhar mais agudo, mais íntimo em termos da construção de uma dramaturgia. É tudo muito imediato, claro e de rápida absorção. Não é o tipo de coisa pela qual venho me interessando.

 

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