Old Joy

Old Joy
De Kelly Reichardt
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Old Joy, filme de estreia da americana Kelly Reichardt, confirma um caminho coerente, que vai ser desenvolvido no seu filme posterior, o lindo Wendy and Lucy (aqui). Old Joy é um típico primeiro filme, um filme pequeno mas que por outro lado é quase uma declaração de princípios do que essa jovem diretora americana vem trilhando: um cinema simples, humano, feito de personagens. Old Joy é acima de tudo um filme sobre o reencontro e sobre a amizade. Dois amigos que há muito não se viam se reencontram quando um deles telefona que está passando pela cidade, e os dois, sozinhos, viajam pelo interior para acampar. Diálogos no carro, paisagens pela estrada, conversas no acampamento. Reichardt parece mais japonesa do que americana, porque seus personagens falam mas escondem mais do que falam, mesmo quando bebem: parecem ter enorme dificuldade para falar ao outro o motivo de seu isolamento, tanto em relação ao outro, quanto em relação a si mesmos. Mise en scene simples mas elegante, um estilo cristalino: ao longo da estrada e do camping, praticamente não se vêem pessoas, uma enorme solidão, coroada numa “banheira natural”, um cenário falsamente estranho que parece ser o seu destino final. Há uma certa insinuação sexual que sempre está latente, mas o cinema de Reichardt vai além desse pretexto, e busca os meios-tons, as meias palavras, o não-dito, o meio do caminho, o filho que pode vir a nascer. Tudo com uma delicadeza e uma sensibilidade que não parecem ser norte-americanos. Se não chega a ser brilhante, Old Joy confirma que Kelly Reichardt merece ser melhor observada.

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