Quando revejo meus posts antigos, escritos há uns quatro anos, percebo que este blog se transformou: antes havia um arroubo de irresponsabilidade que hoje este blog não mais tem. Agora se tem a consciência de que se escreve para pessoas lerem; antes, eu escrevia essencialmente como um desabafo para mim mesmo. De um lado, confesso que tenho saudades dos primeiros tempos; de outro, percebo que este blog amadureceu, sofisticou seu discurso. Não é que eu tenha deixado de falar de mim mesmo – como este próprio post já anuncia – mas é que as estratégias de fazê-lo se tornaram mais sutis, mais ambíguas, menos diretas. Falo de mim na medida em que me interessa falar sobre o mundo, e o faço por meio dos filmes, que é a melhor forma que encontrei para expressar a descoberta diária que é ter que lidar com minhas impossibilidades. Estou escrevendo mais ou menos como tento filmar: há uma afetividade que se esconde por trás de um certo rigor. Há um encontro que acontece nas entrelinhas do texto, que não se entrega de imediato. Existe uma urgência, uma vontade de ir direto ao ponto, mas há um certo rigor e um distanciamento através dos quais que essa urgência é remodelada. Não é mau.

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