Alice diz:

Alice diz: me emociona, pois me parece claro que Beto Rôa faz uma espécie de homenagem a Não Amarás. Talvez para isso me soe a incrível semelhança física entre os protagonistas de ambos os filmes. O taciturno e monossilábico Daniel Confortin é uma espécie de Tomek. No entanto, Daniel não espia sua vizinha do prédio em frente pelo binóculo, mas fala com ela pelo msn. Eles se falam mas não se conhecem. Daniel quer conhecê-la. Ou ainda, eles se conhecem profundamente mas não se veem. Para amar, é preciso ver, tocar. É preciso viver. Até que ponto?

Estreante, decerto Beto Rôa não tem a sabedoria de Kieslowski. Seu filme é por demais sufocado dentro dos aposentos, talvez reflexo da falta de recursos financeiros. Mas por outro lado, a arte e a fotografia são extremamente equilibrados. Diria equilibrado e bem iluminado demais para o espírito do filme.

 Esses poréns não tiram alguns dos méritos do filme. Esse enorme desejo e essa dificuldade de dizer “eu te amo”. Alice diz: é uma homenagem ao cinema de Kieslowski sem precisar citá-lo textualmente. Até que caminha para um final preciso, com essa emoção fria, dura e calculada como em todo o filme. Bonito final, em que o silencioso Daniel faz uma prece, realiza um ritual: cultiva a dolorosa necessidade de se despedir de Alice.

Comentários

Leonardo Silvart disse…
Gostaria de poder rever o filme e mostrar para os amigos, sabe onde eu poderia encontrar?
Unknown disse…
Infelizmente não sei...

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