Em O diário aberto de R. aproximamo-nos da intimidade de seu personagem mas ainda assim mantendo uma certa distância. Este singelo curta de Caetano Gotardo é sobre o intervalo entre ação e imaginação. Seu protagonista praticamente não emite palavra durante o curta. Ele espera. Observa. Espera o momento de chegar mais perto e emitir essa palavra. O curta então é sobre essa palavra que não pode ser dita. Sobre esse passo que não pode ser dado, sobre essa distância que não pode ser percorrida. Sobre não poder se aproximar mais. Sobre esse amor que é sentido mas não pode ser dito, experienciado, expresso, colocado em palavras. O que fazer então? Observar, do mais perto que se possa, ainda que não seja perto o suficiente. Ou criar. Imaginar. Se a palavra não pode ser dita, ela pode ser escrita em um diário. Os diários são guardados para si. Criar, imaginar....filmar. Assim, ao final O diário aberto de R. fala do seu próprio processo de gênese: criar como forma de preencher esse intervalo entre agir e imaginar.

O DIÁRIO ABERTO DE R. me lembra, curiosamente, de NÃO AMARÁS: uma vida que é vivida a partir de seu contracampo. Pode-se ser feliz apenas em observar o amor, de uma certa distância?

http://portacurtas.org.br/filme/?name=o_diario_aberto_de_r


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