Aos poucos, vou tentando escrever sobre alguns dos curtas que vi na Goiânia Mostra Curtas... 



ANGÚSTIA prossegue a pesquisa de Frederico Machado apresentada em seu longa anterior, O SIGNO DAS TETAS. O curta investiga um agudo sentimento de perda do personagem principal, após a morte de seu filho, em circunstâncias que não são explicadas. Pois o curta não se preocupa numa investigação detetivesca das causas da morte ou mesmo em um possível sentimento de vingança. A busca de ANGÚSTIA é em mergulhar no estado interior desse personagem, belamente representado por Auro Juriciê. Assim, o desafio do curta é buscar retratar o desequilíbrio interior do personagem através da materialidade dos planos e cortes, ou seja, dos elementos da linguagem cinematográfica, através dessa sensação de torpor. Ou seja, a base não é a interioridade por meio da psicologia mas sim de um sensorialismo, de uma fenomenologia. A violência e a delicadeza de Frederico Machado ao abordar esse espinhoso tema, entre a razão e o instinto, entre o arbítrio do Homem e o destino da natureza (da vida, das coisas, dos animais), ou ainda, entre a necessidade de dizer e o silêncio reforçam o tom sombrio mas ao mesmo tempo conferem ao curta um lirismo particular, nessa notável obra produzida pela Escola Lume, que comprova uma efervescência criativa do cinema realizado no Maranhão.

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